Demora da Justiça livra ex-coordenador de punição por desvios na saúde

Após 17 anos de investigação, acusações de peculato contra José Adriano de Sordi foram declaradas prescritas

Por Da Redação

José Adriano de Sordi em registro feito pela imprensa no ano de 2007

Um dos maiores escândalos da história de Nova Odessa terminou este mês sem punição. A Justiça declarou prescritas as 18 acusações de peculato (desvio de bens ou recursos por servidor público) apresentadas contra o ex-coordenador de Saúde do município José Adriano de Sordi, apontado pelo TCE (Tribunal de Contas do Estado) e por uma CPI (Comissão Parlamentar de Inquérito) realizada pela Câmara Municipal, como autor de desvios que somavam, em 2006, R$ 223 mil.

A sentença aponta que, entre o crime e o oferecimento da denúncia, se passaram mais do que oito anos, o que impede a punição por crimes com pena máxima menor do que quatro. Se não houver recurso do Ministério Público contra a decisão, a ação contra ele e outras sete pessoas apontadas como cúmplices das fraudes será encerrada.

A ação tramita em segredo de Justiça, mas a decisão pela extinção foi obtida com exclusividade pelo Giro19.

De Sordi chefiou a área de saúde de Nova Odessa durante o mandato do ex-prefeito Manoel Samartin, que contratou uma OS (Organização Social) para gerir o Hospital e Maternidade Municipal Acílio Carreon.
Segundo relatório do TCE e da CPI, o então coordenador desviou R$ 223 mil dos R$ 310 mil repassados pela prefeitura para a entidade naquele ano.

O pacote de acusações incluía compras fantasmas, venda de equipamentos e elaboração de processos de licitação fraudulentos. Supostamente, o então coordenador falsificava orçamentos para garantir que empresas que integravam o esquema ficassem com os contratos. Dessa forma, serviços não prestados eram pagos com dinheiro da Saúde de Nova Odessa.

Lentidão

A Polícia Civil levou quase 10 anos para concluir a investigação que baseou a ação penal movida pelo MP. As primeiras denúncias contra o então coordenador surgiram em 2006. No ano seguinte, quando as irregularidades foram apontadas pelo TCE, De Sordi pediu exoneração do cargo.

Em 2008, a Câmara de Nova Odessa instaurou uma CPI para investigar o caso e chegou à mesma conclusão que o tribunal de contas: de que houve desvios e que ele era o responsável.
Mesmo com todo esse material, a promotoria de Justiça só apresentou a denúncia (acusação criminal formal) contra o ex-dirigente e fornecedores supostamente ligados às fraudes em 2016.