RESUMO DA NOTÍCIA:
- Ocupação do MST: Movimento ocupa a Usina São José, multada por crime ambiental, como parte da Jornada de Abril.
- Dano ambiental: Vazamento de melaço de cana-de-açúcar causou mortandade de peixes e afetou área de proteção ambiental.
- Multa e sanções: Usina foi multada em R$ 18 milhões e perdeu a licença de operação; processo está em recurso.
- Impacto social: Comunidade de 130 pescadores no Tanquã teve a atividade econômica comprometida.
- Reivindicação do MST: Movimento cobra assentamento de famílias em áreas da usina para produção agroecológica e reforma agrária.
O MST (Movimento dos Trabalhadores Rurais Sem Terra) invadiu a Usina São José, apontada pela Cetesb (Companhia Ambiental do Estado de São Paulo) como a responsável pela mortandade de toneladas de peixes no Rio Piracicaba e na APA (Área de Preservação Ambiental) do Tanquã, em julho de 2024. Cerca de 400 famílias estão na área da empresa. A usina foi multada pela Cetesb em R$ 18 milhões, processo está na fase de recurso. Além da multa, a Usina perdeu a licença de operação.
De acordo com lideranças do Movimento, a ocupação faz parte da Jornada de Abril do MST quando famílias Sem Terra de todo o Brasil realizam ações para exigir a reforma agrária e denunciar o agronegócio.
“Os Sem Terra em luta em Rio das Pedras pleiteiam a realização da reforma agrária em áreas onde ocorreram crime ambiental, como as terras do Grupo Farias (proprietário da Usina), para substituir a morte e envenenamento pela produção de alimentos saudáveis e respeito ambiental em assentamentos rurais”, diz a nota enviada à redação do Giro 19.
Em julho de 2024 a Usina lançou resíduos agroindustriais no Ribeirão Tijuco Preto, afluente do Rio Piracicaba. O derramamento de melaço de cana de açúcar, subproduto industrial da usina de canavieira percorreu cerca de 70 quilômetros até chegar na Área de Proteção Ambiental Tanquã.
Segundo a Cetesb, o nível de oxigenação da água chegou a zero, “inviabilizando a vida aquática”. A substância foi arrastada desde o Ribeirão Tijuco Preto e seguiu pelo Rio Piracicaba até o Tanquã. O lançamento do melaço causou as mortes de peixes de escama (dourado, curimbatá, lambari, piau e cascudo) e peixes de couro (jurupensém, mandi e pintado). Outro impacto é para a geração de renda no local, já que uma comunidade de 130 pescadores que vivia em função do turismo e da pesca no Tanquã também foi afetada.
“Estamos aqui para denunciar que o agronegócio representa a morte, tanto dos peixes e animais, como da vida humana porque muita gente foi afetada. A reforma agrária precisa ser realizada, nosso objetivo é produzir alimentos para a população da região de Piracicaba e Campinas, alimentos sem veneno, através da agroecologia, por isso exigimos dos órgãos responsáveis a realização de assentamentos das famílias Sem Terra nas terras da Usina São José e do Grupo Farias”, afirmou a direção nacional do MST.
O Giro 19 entrou em contato com o escritório de advocacia que representa a Usina. Esse texto será atualizado quando recebermos a resposta.
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