Após oito anos de conservadorismo da gestão Professor Lupércio (PSD), a coligação PT/PCdoB/PV fechou, por unanimidade, o nome de Vinícius Castello (PT) para concorrer à prefeitura da cidade com a promessa de um “projeto popular”. O movimento em torno do nome de Vini conta ainda com apoio do PSB e envolveu a retirada da candidatura da deputada estadual Gleide Ângelo, que transferiu domicílio eleitoral para Olinda na ideia de uma possível candidatura, além da promessa de apoio do prefeito do Recife, João Campos. O caminho também ficou aberto para Vini, como é mais conhecido, com a desistência em concorrer da ministra de Ciência, Tecnologia e Inovação, Luciana Santos (PCdoB). O petista lançou sua pré-candidatura no último sábado (29).

Negro, com 27 anos, nascido e criado na Barreira do Rosário, na periferia do sítio histórico olindense, neto de lavadeira e filho de empregada doméstica, Vini é advogado e vereador de primeiro mandato. O primeiro da comunidade LGBTQIA+ e também o mais jovem a se eleger para a Câmara Municipal. Ele tem pouco tempo até outubro, mas garantiu que seu programa de governo será construído ouvindo a periferia, as mulheres, as pessoas com deficiência e os movimentos sociais. No palco do lançamento, quando fez um discurso de quase 20 minutos, bastante entusiasmado, ao seu lado estavam o pai e a mãe, a quem Vini agradeceu pelas referências políticas e pelo incentivo aos estudos.

“Quando eu falo que saí de um beco da periferia, estou reafirmando o local de onde sai esse projeto, para que se saiba que a juventude está falando sobre política, que o povo pobre está discutindo a cidade, porque nós não somos bichos nesse espaço”, disse logo no início do discurso.

O nome de quem ocupará a vice na sua chapa não foi definido. Nos bastidores, ventila-se o nome do empresário Celso Muniz, do Shopping Patteo, numa articulação do ex-prefeito de Olinda e atualmente deputado federal Renildo Calheiros (PCdoB) ou algum nome do PSB, a ser indicado por João Campos ou pela própria delegada Gleide. Pesa contra Muniz a adesão ao bolsonarismo em 2018 e 2022.

No entanto, como o PCdoB já governou a cidade por 16 anos e trabalhou ativamente para convencer o PSB a apoiar o petista, certamente terá influência na escolha. De acordo com Ossi Ferreira, presidente municipal da legenda, “o papel do PCdoB foi dialogar com todas as outras forças, pois o fundamental era construir essa aliança oferecendo uma cara nova capaz de renovar o ambiente político de Olinda”.

Afirmando estar ciente que seus adversários conservadores irão usar sua orientação sexual para difamá-lo, Vini antecipou: “Não farei da minha vida projeto de discussão de cidade, porque estou preocupado com dona Maria que está no Alto da Bondade, que vai no posto e não tem uma dipirona. Estou preocupado com vários jovens que não têm emprego e renda, com a violência que existe nesta cidade, com as pessoas pobres que não têm chance, que não têm vez, que não têm voz, que não têm oportunidade. Eu estou preocupado em discutir esta cidade como ela precisa porque, para representar Lula, tem que ter projeto, e a gente tem projeto”.

Ao chegar ao lançamento, numa casa de eventos à beira-mar da cidade, Vini foi recebido e entrou de mãos dadas com os senadores do PT Teresa Leitão e Humberto Costa e com o público em coro dizendo “Olê, olê, olê, olá, é Lula lá e Vini cá”, que promete ser, junto com o “faz o V”, parte dos jingles do candidato.

Direita dividida, PSOL idem

Os outros nomes que disputarão o pleito em outubro são Mirella Almeida (PSD), candidata de Lupércio, que foi secretária de Desenvolvimento Econômico, Tecnologia e Inovação do município; Izabel Urquiza (PL), filha da ex-prefeita Jacilda e que também compôs o secretariado de Lupércio. Izabel, que tenta “apagar” o desgastado sobrenome de sua mãe usando o nome fantasia “Izabel de Olinda”, tem como objetivo se firmar como candidata de Bolsonaro com Anderson Ferreira e a Assembleia de Deus em seu palanque.

Além delas, outros três nomes tentam se viabilizar politicamente, a exemplo de Márcio Botelho (PP), atual vice-prefeito da cidade, que conta com o apoio declarado da deputada federal Clarissa Tércio. Os outros são Antônio Campos (PRTB), advogado, escritor e irmão do ex-governador Eduardo Campos; e André Avelar (PMN), ex-vereador de Olinda.

Quem também marcou presença no evento do nome de Vinicius Castello, a despeito do lançamento no dia anterior do nome de Pallomma Melo como pré-candidata a prefeita, foram lideranças estaduais do PSOL. Menos de 24 horas depois do seu partido lançar um nome para a disputa, a própria presidente do partido na cidade, a professora e fundadora do Sindicato dos Professores Municipais de Olinda (Sinpmol), Márcia Vieira Barbosa, prestigiou o evento do PT. Na plateia, petistas davam como certo que o PSOL irá abandonar a candidatura de Pallomma e aderir a Castello.

Nomes de peso do PSB não estiveram presentes, como o próprio João e seu irmão o deputado federal Pedro Campos (PSB). Na quarta-feira (26), eles anunciaram em postagem “colab” no Instagram, junto com Gleide Ângelo, o apoio a Vini. Apesar da ausência dos pesos pesados do PSB, as lideranças olindenses participaram do evento, incluindo o vereador Tonny Magalhães.

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