Quem está em São Paulo já pode vivenciar uma experiência que marca a história e a cultura nacional: após um período em reforma, o Museu do Futebol está de portas abertas com novidades para ampliar a diversidade, a inclusão e – claro – a diversão. O novo acervo conta com recursos de acessibilidade, itens raros, vídeos, fotos e atrações inéditas sobre o esporte mais popular e mais amado do planeta.
Entre as novidades está a Sala Raízes, que reúne mais de 100 fotografias e um filme produzido pelo cineasta Carlos Nader, exibido em um telão multimídia composto por 17 monitores. A ideia é usar interatividade e tecnologia para mostrar como o futebol transcende as fronteiras do esporte e se torna um fenômeno cultural.
“É um grande mergulho histórico e apaixonante pelo período em que o Brasil elevou o futebol a um valor cultural muito significativo”, descreve o curador Leonel Kaz. “A Sala Raízes mostra a celebração do povo brasileiro, entre as décadas de 1930 e 1950, quando o Brasil olhou para si e surgiram valores novos da cultura nacional – na pintura com Portinari, na literatura com Drummond, assim como na música, no teatro e outras importantes manifestações”.
Golaço das minas
Outra novidade é a Sala das Origens, que conta a história do futebol desde o século 19 até os anos 1930, agora com mais ênfase ao futebol feminino. Entre os grandes marcos dessa história está o decreto assinado por Getúlio Vargas, em 1941, que vetou a prática da modalidade por mulheres. A justificativa era de que o esporte seria “incompatível com as condições de sua natureza”. O veto durou quatro décadas.
O Museu, no entanto, resgatou imagens raras que mostram mulheres brasileiras jogando futebol a partir de 1920 – por enquanto, os registros mais antigos de que se tem notícia. Essa e outras histórias do futebol feminino estão no percurso atualizado, com conteúdos inéditos coletados e cedidos por jogadoras, técnicas e jornalistas esportivos.
“O empenho em trazer à tona a história do futebol de mulheres e de jogadoras como Marta e Formiga tornou o Museu uma das fontes de pesquisa sobre o tema”, diz a curadora e diretora técnica Marília Bonas.
Na Sala das Copas, o futebol feminino também ganhou espaço e passou a ocupar quatro módulos que exaltam a história e a resistência femininas entre 1941 e 1988 – período que vai da proibição da modalidade até a realização do Primeiro Torneio Experimental da China, em 1998, que antecedeu a criação oficial da Copa do Mundo FIFA de Futebol Feminino.
Foram incluídas na Sala todas as Copas femininas desde 1991, junto com as masculinas. “Nesta sala, uma das mais queridas do público, incluímos imagens inéditas, pesquisadas e cedidas por pioneiras do futebol feminino no Brasil”, conta Marília.
Outra novidade é um vídeo protagonizado pela jogadora Marta, que é projetado em uma tela de tamanho natural.
Eternamente Pelé
A nova Sala Pelé, totalmente dedicada ao Rei do Futebol, promete emocionar diferentes gerações. A trajetória do “atleta do século 20” é contada com imagens cativantes, que exploram a relação do rei com outros jogadores em campo. A camisa vestida por Pelé na final da Copa de 1970 contra a Itália está exposta na companhia de outro exemplar raro: o uniforme usado pelo jogador em uma partida em homenagem à rainha Elizabeth II, da Inglaterra, pela Seleção Paulista.
Os visitantes poderão ainda se divertir com atrações interativas e gameficadas na nova Sala Jogo de Corpo, que propõe atividades para simular uma partida de futebol, com troca de passes, precisão e velocidade. E se a proposta é treinar habilidades, o Almanaque da Bola usa tecnologia para propor desafios e testes sobre futebol para os visitantes, incluindo visibilidade das modalidades para pessoas com deficiência e combate ao racismo.
Outra novidade é a Sala Dança do Futebol, que permite aos visitantes escolher vídeos sobre situações memoráveis do futebol brasileiro, como gols históricos, comemorações inesquecíveis, defesas e dribles que marcaram história.
O museu também conta a história de um dos palcos mais importantes do futebol nacional: o Estádio Municipal Paulo Machado de Carvalho, o Pacaembu, que celebrou 84 anos em abril de 2024. Além disso, relembra a história do futebol brasileiro pela instalação O Brasil no Mundo, com vídeos com depoimentos de jogadores que passaram por clubes fora do país e contam como os brasileiros são reconhecidos no exterior.
“Temos uma vitrine que será modificada de tempos em tempos com peças significativas. Iniciamos com a chuteira que o Neymar usou em 2016 e uma medalha de ouro de Mizael Conrado, do futebol de 5, modalidade praticada por pessoas com deficiência visual”, diz o curador Marcelo Duarte.
Para um novo museu
As obras de reforma do Museu do Futebol começaram em novembro de 2023, mas a concepção do projeto teve início há mais de dois anos, com licenciamento de mais de mil imagens, tradução de textos, produção de vídeos e aquisição de equipamentos. Todo processo teve coordenação dos curadores Leonel Kaz, Marcelo Duarte e Marília Bonas, além de direção artística de Daniela Thomas e Felipe Tassara.
O projeto recebeu investimento total de R$ 15,8 milhões da Secretaria da Cultura, Economia e Indústria Criativas do Governo de São Paulo de patrocínios de empresas privadas através da Lei Federal de Incentivo à Cultura – Lei Rouanet.
Entre 2022 e 2023, o Museu do Futebol recebeu mais de 675 mil pessoas. Desde a inauguração, em 2008, a instituição já somava mais de 4,7 milhões de visitantes.
Endereço: Praça Charles Miller, s/n – Estádio do Pacaembu – SP
Horário de funcionamento: Terça a domingo, das 9h às 18h (entrada permitida até 17h).
Preço: R$ 24 (inteira) e R$ 12 (meia). Grátis para todos às terças-feiras e para crianças até 7 anos
Mais informações: www.museudofutebol.org.br
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