A falta de prefeitos e prefeitas negros na Grande São Paulo, onde apenas três foram eleitos em 2020, deve permanecer nas próximas eleições. Pelo menos é o que indica o número de candidaturas apresentadas para a disputa deste ano nas 39 cidades da região metropolitana.

Levantamento da Agência Mural com base nos dados do TSE (Tribunal Superior Eleitoral) mostra que apenas 2 em cada 10 candidatos a prefeito se declararam pretos ou pardos. No caso de concorrentes a vice, a situação é um pouco melhor – 3 a cada 10.

A pouca presença deve dificultar ampliar a diversidade no que foi visto há quatro anos. Reportagem especial da Mural mostrou que apenas três foram eleitos em 2020, sendo que um foi cassado e outro desistiu de disputar a reeleição.

Magno Borges/Agência Mural

Ao todo, há 175 candidaturas para as 39 prefeituras. Desses 130 se declararam brancos. São também 26 pardos e 14 pretos. Há duas candidaturas indígenas e dois políticos se autodeclararam amarelos (orientais).

Em entrevista à Mural, a mestranda em ciências políticas pela USP (Universidade de São Paulo), Beatriz Mendes Chaves, 26, cita que desde a escravidão há uma exclusão sistemática dos negros do sistema político. Isso tem afetado a realização de ações que auxiliem essas populações.

“Temos uma assimetria em relação às políticas que são produzidas e os verdadeiros interesses nessa população. Os homens brancos são um único grupo totalmente representado”, afirma.

Em 13 cidades, não há nenhum político negro entre os concorrentes a prefeito, caso da cidade de São Paulo, onde são 10 concorrentes, oito homens e duas mulheres, todos brancos. Também estão nessa lista:

Do outro lado, Embu Guaçu é o único município em que a maioria são negros: 5 dos noves candidatos se declarou preto ou pardo.

Apesar desses números, há também questionamentos sobre algumas autodeclarações. Em Mauá, por exemplo, o ex-prefeito Atila Jacomussi (União) se declarou pardo este ano, mas dois anos atrás havia informado ser branco à Justiça Eleitoral.

Nos últimos anos, os partidos passaram a ser obrigados a repassar parte do recurso do fundo eleitoral para candidaturas negras, o que tem levado a discussão sobre as autodeclarações.

“Há diversas candidaturas que se autodeclararam como negras, mas que não são lidas socialmente como negras num exercício de hetero identificação. É fundamental que exista algum tipo de fiscalização. Esses recursos estão sendo repassados sem que existam candidaturas numa proporção considerada e adequada”, ressaltou Beatriz.

Câmaras

Para as Câmaras Municipais, a cena é um pouco mais equilibrada e mais próxima da representatividade da população. Do total de candidatos, 47% se declararam negros, perto do que é a proporção na população Grande São Paulo.

O destaque é Itapevi, na região oeste da Grande São Paulo, onde 7 em cada 10 concorrentes a uma cadeira na Câmara Municipal se declarou negro. Em contrapartida, do outro lado da região metropolitana, Salesópolis possui apenas 14% de postulantes pretos e pardos.

Além disso, as eleições 2024 têm uma característica diferente da disputa de quatro anos atrás: uma redução no número de concorrentes. Enquanto 17 mil políticos apresentaram candidaturas em 2020, este ano são 11 mil postulantes às prefeituras e câmaras municipais.

Agência Mural

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