A eleição em Mauá, na Grande São Paulo, chega às últimas semanas da campanha marcada pela incerteza, em uma disputa que tem seis candidatos. O atual prefeito de Mauá, Marcelo Oliveira (PT), foi eleito em 2020 e tenta a reeleição numa disputa com mais cinco candidatos: Amanda Bispo (UP), Átila Jacomussi (União Brasil), Marcelo Oliveira (PT), Sargento Simões (PL) e Zé Lourencini (PSDB).

Mas, menos de um mês para as eleições, o ex-prefeito e deputado estadual Átila Jacomussi teve a candidatura indeferida – julgada irregular pela Justiça Eleitoral, enquanto o candidato entrou com recursos e pode reverter a sentença em uma briga judicial que pode se estender até depois da votação. [Veja abaixo].

Gestão Marcelo

Eleito em 2020 como um dos poucos prefeitos do PT na Grande São Paulo, Marcelo acumulou ações na área da cultura. Os espaços de convivência para a juventude foram fortalecidos com as festas populares como a tradicional Festa Junina que acontece todo ano no Paço Municipal, e a promoção de eventos como o “Domingou em Mauá”, que oferece recreação e a promoção de prática esportiva no Parque da Juventude.

Houve também o anúncio da construção de um ginásio poliesportivo no Jardim Zaíra, com obras ainda no início.

Na cultura teve o Mapa Cultural da Cidade, que ajudou a localizar os coletivos e artistas independentes de Mauá, além das leis de incentivo à cultura, como a Lei Paulo Gustavo, que destinou cerca de R$ 3,5 milhões para projetos voltados à arte. O benefício chegou sem empecilhos, segundo ativistas da área cultural, diferente de outras cidades.

Passarela do Boulevard e estação de trem de Mauá @Kethilyn Mieza/Agência Mural

Marina Teggi, 27, é uma das organizadoras do Sarau do Tapete que é realizado toda segunda-feira no Jardim Zaíra. Ela fala sobre as diferenças que sentiu na atuação desta gestão, especialmente no âmbito da cultura: “A cidade em si era mal vista por muitos boatos pesados em relação a outra gestão, e essa parece que vendeu uma oportunidade para os artistas da cidade”.

A qualidade da saúde em Mauá ainda é uma queixa dos moradores, especialmente das periferias, que em alguns momentos optam por ir em UPAs (Unidades de Pronto Atendimento) de bairros mais próximos do centro para serem atendidos.

Uma das propostas do prefeito Marcelo era aprimorar procedimentos de atendimento, recepção e acolhimento aos pacientes, acompanhantes e familiares, com enfoque na humanização e na resolutividade dos serviços.

Estacionamento da prefeitura municipal de Mauá @Kethilyn Mieza/Agência Mural

A segurança pública também deixou a desejar nos últimos anos. No plano de governo de Marcelo Oliveira, um dos objetivos era intensificar o “Programa Ilumina Mauá”, com mais iluminação pública nos bairros, como medida para garantir a segurança. Mas, ao percorrer as ruas e vielas do bairro, é possível ver que essa é uma medida que não foi efetivada.

Propostas para as periferias

Marina Teggi considera que uma das formas dos políticos se aproximarem da população é estar nos espaços que eles ocupam. Ela dá o exemplo do Sarau do Tapete, que é organizado pelos jovens e conta com a ajuda da comunidade para acontecer e seria um momento de aproximação.

‘Eles precisam dar oportunidade de nos conhecer para que a gente possa construir esses laços. Não é só votar, né? E também não é só aquele lance de uma mão lava a outra

Marina, organizadora do Sarau do Tapete

A jovem ainda conta o que deseja que a próxima gestão olhe com mais cuidado. “Não é só uma rua asfaltada que vai fazer a diferença, é um saneamento básico, é uma água que chegue, é uma energia, é tudo isso. Então, espero que a próxima gestão possa ter uma uma visão mais ampla do que é uma gestão para uma cidade que, perto de outras, está bem para trás”, ressalta.

A Agência Mural selecionou as propostas em que os candidatos citam as periferias e o Jardim Zaíra, área que concentra boa parte dos bairros periféricos de Mauá.

Amanda Bispo (UP)

Amanda Bispo

No plano de governo de Amanda Bispo, não há propostas que citem as periferias diretamente, mas em uma parte do texto ela faz um panorama ressaltando que mesmo sendo uma cidade tão rica, Mauá é um dos municípios com os piores indicadores sociais da região, com grandes periferias e carências de serviços públicos para a população. O bairro do Jardim Zaíra não é citado no plano.

 

Atila Jacomussi (União)

Átila Jacomussi

Na proposta de Átila Jacomussi para as periferias, ele aponta como objetivo a regularização fundiária de interesse social, que deve ser intensificado com recursos vindos de outras esferas governamentais, como o PAC-Periferias Vivas.

Já para o Jardim Zaíra, ele sugere um estudo de implementação de uma subprefeitura, além da construção de um novo piscinão, na entrada do bairro. Outra proposta, no âmbito da mobilidade urbana, é a construção de um novo terminal na região, que já existiu anteriormente e foi removido durante o mandato do candidato, entre 2017 e 2020.

Marcelo Oliveira (PT)

Marcelo Oliveira

No plano de Marcelo Oliveira, o atual prefeito fala sobre os feitos durante o mandato atual, e diz que “o foco foi nas pessoas, levando obras e serviços para a periferia”, especialmente em setores como a saúde, assistência técnica e educação.

Ele também diz que teve como foco garantir investimentos na periferia e planejar novos investimentos em infraestrutura (mobilidade urbana, habitação social, saneamento, entre outras).

Para o próximo mandato, cita esforços de estudos e execução de projetos para obtenção de recursos junto ao Governo Federal (PAC) para melhorar o trânsito em cinco grandes regiões da cidade com obras de conexões inter-regionais, e cita como exemplo a obra do Complexo Zaíra /Santa Cecília.

 

Sargento Simões (PL)

Sargento Simões

No plano do candidato Sargento Simões, em nenhum momento ele cita a palavra periferia, nem o Jardim Zaíra ou outros bairros periféricos da cidade.

Zé Lourencini (PSDB)

Zé Lourencini

Assim como Átila, entre as propostas o candidato Zé Lourencini também fala sobre uma reformulação do sistema de transporte coletivo, com a construção de um terminal no Jardim Zaíra e a reelaboração e redefinição das linhas, promovendo um sistema inteligente e integrado. A palavra periferia não foi citada no plano de governo dele.

Imbróglio na candidatura de Átila

A decisão contra Atila foi tomada pela 217ª Zona Eleitoral de Mauá, que negou o registro do candidato do União Brasil à prefeitura da cidade. A medida teve como principal fundamento as rejeições de todas as contas (balanço dos gastos da prefeitura) no período em que Átila foi prefeito, de 2017 a 2020.

No texto, o juiz eleitoral Ivo Roveri Neto reforça que “é possível verificar um grande desequilíbrio orçamentário e financeiro”.

O candidato recorreu contra a decisão junto ao TRE (Tribunal Regional Eleitoral) e conseguiu também uma decisão favorável em outro tribunal. No STJ (Superior Tribunal de Justiça), o ministro Teodoro Silva Santos anulou o efeito do julgamento dos vereadores enquanto o mérito da ação não for julgado. Atila alega que não teve direito de defesa respeitado no processo. Cabe recurso à Câmara de Mauá a essa decisão, que é liminar (provisória).

Paralelamente a isso, o TRE vai julgar se essa sentença do STJ é o suficiente para o registro de Átila.

Nessa situação, o processo pode ir ao TSE (Tribunal Superior Eleitoral), o que deixa a cidade em meio às incertezas. Se estiver indeferido, os votos nele seriam considerados nulos e a questão judicial pode se estender para depois da votação.

Jacomussi é considerado o principal oponente da atual gestão. Nas últimas eleições, Marcelo Oliveira, que foi vereador por três mandatos, venceu o ex-gestor no segundo turno.

Paço Municipal em Mauá tem seis candidatos concorrendo
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