Os resultados do segundo turno deram fôlego à governadora Raquel Lyra (PSDB) na Região Metropolitana para a disputa pela reeleição para o Governo de Pernambuco em 2026. A vitória esmagadora de seu correligionário Severino Ramos em Paulista e a vitória apertada de Mirella Almeida (PSD) em Olinda podem ser contabilizadas como êxitos políticos de Raquel, que reforçou a campanha de rua das duas candidaturas na reta final da corrida eleitoral.
Em Paulista, a vitória era mais do que esperada e tem forte simbolismo político. Ramos ultrapassou 73% dos votos contra Júnior Matuto, o candidato do PSB fortemente vinculado aos Campos – antes de entrar na política, ele era motorista de Ana Arraes, mãe do ex-governador Eduardo Campos. Os filhos de Eduardo – o prefeito do Recife João e o deputado federal Pedro Campos – participaram ativamente da campanha de Matuto, um ex-prefeito que deixou a prefeitura com alta taxa de rejeição e investigado pela Polícia Federal.
Já na vizinha cidade de Olinda, Raquel teve mais trabalho. Depois de vencer no primeiro turno, o petista Vinicius Castello aparecia na frente em todas as pesquisas realizadas entre as duas votações. Na última semana, no entanto, a governadora se tornou figurinha fácil na campanha de Mirella, a escolhida do mal avaliado prefeito Professor Lupércio para sucedê-lo. Não foi por acaso que coube a Raquel a primeira fala quando o resultado foi anunciado com a vitória da candidata do PSD com 51,27% dos votos válidos. Com Mirella ajoelhada fazendo orações, a governadora a anunciou que “a vontade do povo foi feita e decidiu ter uma mulher arretada a frente da prefeitura de Olinda”.
Agonia e tensão em Olinda
A apuração foi tensa, com Castello saindo atrás, ultrapassando a adversária às 17h44min, permanecendo na frente por meia hora e, finalmente vendo Mirella superá-lo às 18h14min, até ser declarada vencedora às 19h04min. O clima no comitê de Vinicius, na avenida presidente Kennedy logo perdeu o clima de festa e se tornou perigoso, com eleitores do PSD passando de carro e arremessando garrafas, latas e fazendo ameaças. O fotógrafo da Marco Zero, Arnaldo Sete, foi atingido por uma dessas garrafas.
A casa onde Castello mora com sua família, no Bonsucesso, logo se tornou ponto de romaria de lideranças da esquerda após a confirmação da derrota, deixando claro que ele será o nome forte da oposição em Olinda nos próximos anos. A ministra de Ciência e Tecnologia e ex-prefeita de Olinda, Luciana Santos (PCdoB), disse que “viu uma campanha rebaixada, despolitizada, com todo tipo de preconceito” dentro de uma luta ideológica, “parte de um momento que vai além de Olinda, que é nacional”.
Castello estava mais animado que a ministra. “Isso foi apenas um processo eleitoral. É a luta por uma realidade melhor, é isso que me trouxe até aqui, me mantenho de pé, de cabeça erguida. Estou me sentido muito feliz e muito vitorioso porque tem muita gente comigo acreditando que o novo sempre vem”, afirmou o petista, que saltou de 2.007 votos para vereador em 2020 para mais de 105 mil votos nessa eleição.
Sobre os ataques homofóbicos e de ódio do qual foi alvo, ele disse não acreditar que perdeu por causa disso: “A eleição não é sobre mim, eu sou apenas uma pessoa. O ódio e o preconceito fazem parte de um processo de uma sociedade que precisa ser construída como mais acolhedora, mais humanizada, além de mostrar como precisamos avançar com a nossa democracia”.
Sobre as perspectivas para 2026, ele agradeceu a presença de João Campos em sua campanha. “Não se pode omitir João Campos, ele esteve presente em vários momentos importantes e eu sou muito grato por isso”, mas alertou que, para 2026, ele não pode antecipar o que vai acontecer porque não fala em seu nome, mas em nome de um coletivo de forças. “Mas o fato é que estou muito feliz porque estamos cada vez mais unidos, conseguimos reunir em Olinda pessoas relevantes para o município, o estado e para o Brasil porque conseguimos dialogar com pessoas que se vêem nesse projeto de cidade”.
(com a colaboração de Giovanna Carneiro)
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