A vereadora Luana Alves (PSOL), da Vila Sônia, zona oeste de São Paulo, foi a primeira mulher negra a ser reeleita para a Câmara Municipal da capital paulista, com um posicionamento que considera importante e democrático: “meu mandado é uma ferramenta de luta dos movimentos sociais”. 

Ela traz como prioridades demandas das quebradas de São Paulo, como garantia de estrutura para trabalhadores de aplicativos, passe livre dos ônibus para pacientes de CAPs e acesso a editais para artistas das quebradas. A parlamentar, porém, não acredita ser vanguarda na política municipal.

“As mulheres pretas sempre estiveram na política, mas não como figura pública. Elas estavam nas periferias, nas associações de bairro, de moradia, de saúde, garantindo que não tivesse criança sozinha ou com fome. São lideranças políticas, mas longe dos lugares de poder.

A realidade, porém, está mudando. “Agora elas querem aparecer. Querem estar no folheto, na propaganda de TV. E isso é muito importante”, disse em entrevista exclusiva para a Agência Mural. “A direita está aumentando o número de mulheres e de pessoas negras nos seus quadros, se adiantando. Temos que nos ligar nisso e fortalecer as nossas mulheres.”

Na conversa, ela reforçou o compromisso com as quebradas e admitiu que na nova configuração do legislativo municipal – com maioria de centro e direita – será difícil avançar em pautas mais progressistas.

Entre as prioridades está a efetivação da lei “Escola sem Racismo”, que garante formação para todos os professores sobre equidade racial, e a aprovação do “Passe Livre para o Cuidado”, um projeto que prevê gratuidade nos ônibus para pacientes de Centros de Atenção Psicossociais (CAPs), para evitar faltas nos tratamentos.

Luana Alves em plenária na Câmara Municipal de São Paulo @Divulgação/ PSOL

“Queremos avançar no projeto de lei que implementa o Sistema Municipal de Cultura, garantindo apoio para que artistas periféricos consigam acessar editais. E queremos aprovar o ‘marco pela vida e saúde dos trabalhadores de aplicativo’”, diz.

O projeto obriga as empresas a cederem itens de segurança e multa as com maior número de acidentes. Outro tema central do mandato será a justiça climática.

“Temos que pensar nos interesses ambientais e ao mesmo tempo nos sociais. Os moradores das periferias são os com mais consciência ambiental”.

Assista a entrevista na íntegra.

Agência Mural

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