O número de Microempreendedoras Individuais (MEIs) que atuam no Alto Tietê teve um salto de 51% nos últimos três anos. Atualmente, a região tem 62.858 mulheres que tem seu próprio negócio, o que representa 44,8% de um universo de 140.411 empresas ativas na região do Alto Tietê. Em março de 2021, a região contava com 41.626 MEIs mulheres, segundo o Sebrae-SP a partir do Portal do Empreendedor. Os dados mostram o avanço das empresárias e a contribuição que elas têm na economia regional, conquista que é celebrada no Dia Mundial do Empreendedorismo Feminino, comemorado em 19 de novembro.
“As mulheres enfrentam muitos desafios na hora de empreender. Primeiro, muitas vezes, a resistência da própria família e, em seguida, a questão financeira. Infelizmente, um dos obstáculos das empreendedoras é alcançar crédito e financiamento para suas empresas, realidade que estamos buscando mudar”, reforçou a gerente regional do Sebrae-SP Gilvanda Figueirôa.
Uma das evidências da desigualdade entre os gêneros é a parte econômica. Em comparação com os homens, as mulheres têm maior grau de escolaridade, mas ainda recebem menos. Um estudo realizado pelo Sebrae, a partir de dados da Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios Contínua (PNAD Contínua) do IBGE, mostra que no 3º trimestre de 2022, em média, os empreendedores homens obtinham um rendimento mensal 16% acima das mulheres. Outro aspecto latente da diferença é que 49% das empresárias também são chefes de domicílio.
Neste mês que celebra o Empreendedorismo Feminino, a gerente regional do Sebrae-SP Alto Tietê dá algumas dicas para as mulheres que estão planejando começar seu próprio negócio. “O diferencial da mulher à frente das empresas é a atenção e cuidado com os clientes, colaboradores e finanças, além de criar relações mais fidelizadas. O primeiro passo para empreender é se planejar, estudar e conhecer o seu negócio e saber tudo o que está no entorno”, orientou.
O Sebrae-SP conta com uma série de soluções, incluindo capacitações, mentorias e programas exclusivos para o público feminino tanto para as empreendedoras que já tem a sua empresa quanto para aquelas que buscam oportunidade para empreender. O Escritório Regional do Sebrae-SP Alto Tietê funciona na avenida Francisco Ferreira Lopes, 345, Vila Lavínia, Mogi das Cruzes, de segunda a sexta-feira, das 9h às 17h. Para outras informações, o telefone é (11) 4723-4510.
A força do Empreendedorismo Feminino
A empresária Lucinéia da Silva Lima, de 51 anos, atua há 19 anos no ramo de conserto e manutenção de aparelhos refrigeradores, além de manter uma oficina para recuperar os equipamentos. Administradora e advogada por formação, deixou o emprego em uma editora da capital para atuar ao lado do então marido na administração do negócio. “Adotei um sonho que não era meu, 99% dos funcionários e parceiros eram homens, o primeiro desafio foi esse. Aos poucos percebi que acabei responsável sozinha pelo gerenciamento do negócio. Atendia grandes empresas, uma faliu e quase quebrei junto”, contou.
Com foco nas oportunidades, a empreendedora começou a diversificar o negócio incluindo no portifólio a manutenção de freezers de pontos comerciais, em parceria com grandes marcas de bebidas e sorvetes. “Em janeiro de 2023 decidi me ressignificar. O Sebrae entrou na minha vida em março de 2024 e foi uma virada de chave. Até então era muito fechada, não conhecia essa força e as conexões que o Sebrae pode gerar. Por meio desse apoio consegui um aporte de capital a preço acessíveis para investir no meu negócio”, detalhou.
Foi na Feira do Empreendedor de 2024, promovida pelo Sebrae-SP, que a empresária teve um insight: investir em ESG. “Hoje consertamos os equipamentos nas casas dos clientes ou nos pontos de venda, e temos uma oficina onde aumentamos a vida útil deles, por meio da reengenharia de valor voltada para o ESG, evitando que ele se torne lixo eletrônico, uma nova vertente do negócio. Essa é uma tendência mundial. Estou reinventando o meu negócio sobre esses pilares, buscando escalonar meus ganhos. Posso dizer que o empreendedorismo salvou minha vida. Não é só questão financeira, é ter um propósito de vida todos os dias e de alguma forma beneficiar a sociedade em que estamos inseridos”, reforçou.