Na orla de Maria Farinha, em Paulista, Região Metropolitana do Recife, um gigante abandonado chama a atenção de moradores e visitantes. Sua presença é quase um tumor na paisagem de construções horizontais, de pouca altura. Conhecido como o “prédio abandonado de Maria Farinha”, o edifício foi projetado para ser o Marlin Royal Flat Hotel, um luxuoso empreendimento com 15 andares, 227 apartamentos e coberturas com vista privilegiada para a praia.
No entanto, desde 1985, a construção foi paralisada devido à falência da construtora Souza Luna S.A. e permanece assim até hoje, com seu esqueleto de concreto desafiando o tempo e a maresia. O representante dos atuais proprietários esperam que, nos próximos meses, a obra seja retomada e o imóvel tenha um novo destino.
Localizado na avenida Doutor Cláudio José Gueiros Leite, a apenas 200 metros do Veneza Water Park, o prédio impressiona pela dimensão e pela estrutura externa quase finalizada, contrastando com o interior totalmente exposto, com paredes sem acabamento, escadas improvisadas e tubulações corroídas atestam o desgaste de décadas de abandono.
Nos fins de semana, a área externa e térrea do imóvel é utilizada como uma arena por praticantes de paintball. Moradores do entorno, principalmente adolescentes e até crianças, também frequentam o local para apreciar a vista.
A Marco Zero foi até o prédio para saber as condições da construção. Durante a visita, encontramos três crianças de nove, 13 e 14 anos, que estavam no último andar da estrutura para ver o pôr-do-sol enquanto compartilhavam um lanche. “A gente gosta de vir pra cá porque a vista lá de cima é massa e é bem tranquilo. Não faz medo subir não”, contou a menina de 13 anos, admitindo que subir o prédio é uma atividade comum e rotineira.
Um projeto paralisado por quase quatro décadas
Hohe, o Marlin Royal Flat Hotel pertence ao condomínio formado pelos compradores originais dos flats. Após a falência da Souza Luna, que encerrou suas atividades em 1995, os imóveis permaneceram sem um destino definido. Agora, após quase 40 anos, há esperança de retomada.
Mesmo com a obra paralisada, o Marlin Royal possui um síndico, o advogado Osvaldo Bastos. Ele foi contratado em setembro deste ano pelos condôminos para liderar as negociações de venda do prédio a uma nova construtora. Duas propostas estão em análise, apresentadas pelas empresas Multitécnica e ACSL. Segundo Bastos, “não há dúvidas que o prédio será vendido”. Contudo, o fechamento a negociação ainda não foi concluída.
Procuramos a prefeitura de Paulista para saber se o prédio apresenta dívidas de Imposto sobre a Propriedade Predial e Territorial Urbana (IPTU). De acordo com a gestão, “não consta no órgão nenhuma informação a respeito de dívidas”.
“A Prefeitura do Paulista informa que o empreendimento foi abandonado há quase 30 anos pelos donos e não consta no órgão nenhuma informação a respeito de dívidas. Os donos não procuraram a atual gestão municipal. A informação é de que já houve uma tentativa de compra do imóvel por parte de alguns empresários, mas as negociações não foram adiante”.
Empresa era do dono do Diário de Pernambuco
A construtora responsável pelo projeto, Souza Luna S.A., operou por mais de quatro décadas, mas encerrou suas atividades devido a problemas financeiros e familiares. A empresa foi presidida pelo advogado Carlos Federico Vital.
Vital ainda é uma figura ativa nos negócios da região e comprou o jornal Diário de Pernambuco em 2019, em uma negociação polêmica.