Nas eleições de 2024, três das 36 cidades da Grande São Paulo elegeram mulheres prefeitas. Neste ano, foram eleitas Lorena Oliveira (Solidariedade), em Franco da Rocha, e Mara Bertaiolli (PL), em Mogi das Cruzes. Priscila Gambale (Podemos) foi reeleita em Ferraz de Vasconcelos.

O número é o mesmo das eleições de 2020, quando Francisco Morato, Ferraz de Vasconcelos e Poá escolheram mulheres para o executivo municipal. Além da reeleição em Ferraz, a prefeita de Morato terminou o segundo mandato e indicou um homem para sucessão, enquanto em Poá, a gestora desistiu de concorrer à reeleição.

Em Franco da Rocha, 50% da população é composta por mulheres, e 55% do total se autodeclaram pretos ou pardos, segundo o Seade (Sistema Estadual de Análise de Dados). É nessa interseção que Lorena, 43, prefeita eleita e atual vice-prefeita do município, pretende atuar.

“Como chefe do Executivo Municipal, entendo como minha responsabilidade pensar a partir da lógica da mulher periférica e da mulher periférica negra, que são as mais vulneráveis. Inclusive trazendo essas mulheres para os processos de discussão, olhando a partir da perspectiva delas, o que elas consideram importante”, afirma.

Para incluir as mulheres das periferias na administração pública, Lorena diz querer utilizar conselhos participativos, em que medidas do governo podem ser discutidas pela população, inclusive o orçamento municipal.

Lorena fala na criação de um programa emergencial de transferência de renda para mulheres em situação de vulnerabilidade. Segundo ela, essas mulheres terão direito a receber um benefício, condicionado à participação em programas de educação profissional. Ainda não há definição sobre o número de mulheres que serão atendidas pelo programa, que tem previsão de duração de 24 meses.

“Para que possam fazer um investimento no seu processo de educação, cuidar da maternidade no papel de mães, e a gente sabe o quanto é importante para a criança também”, afirma.

‘A garantia do direito das crianças passa pela garantia do direito das mulheres’

Lorena, prefeita eleita em Franco da Rocha

A vice-prefeita defende medidas voltadas à profissionalização como meio de promover a autonomia das mulheres do município. Em Ferraz, a prefeita reeleita, Priscila Gambale, 39, diz ter a mesma visão.

“Não tem outra forma [de garantir autonomia] que não seja investir, capacitar e criar oportunidades. Investir na melhoria das periferias, nos locais onde essas mulheres moram. Capacitar essas mulheres para o mercado de trabalho e criar oportunidades de emprego”, diz.

Ela também afirma ver como primordiais os investimentos em saúde, educação e combate à violência contra a mulher para o avanço das políticas públicas na cidade.

Ferraz tem uma população de maioria feminina (52%) e negra (57%), também de acordo com o Seade. Localizada no limite leste da capital paulista, a cidade está próxima dos distritos paulistanos de Guaianases e Cidade Tiradentes.

Priscila é, assim como Lorena, em Franco da Rocha, a primeira prefeita da história de Ferraz. Ela foi eleita pela primeira vez em 2020, com 37% dos votos válidos, e reeleita neste ano, com 55% dos votos. A cidade não tem segundo turno.

Priscila foi reeleita em Ferraz de Vasconcelos @Divulgação

Para ela, o fato de o município nunca ter tido uma prefeita antes não indica um desnível das políticas públicas para as mulheres. “Acho que tudo tem seu momento, é difícil falar, se uma mulher fosse eleita antes e não tivesse feito uma boa gestão, hoje talvez teríamos mais dificuldades e, se fosse ao contrário, e ela tivesse obtido êxito, a nossa caminhada seria mais tranquila”, afirma Priscila.

Lorena, por outro lado, diz acreditar que ser a primeira mandatária de Franco da Rocha pode ser a oportunidade para cobrir uma defasagem histórica nas políticas voltadas às mulheres.

“Eu considero que poderíamos ter tido muito mais avanços aqui na cidade de Franco da Rocha se tivéssemos mais mulheres ocupando essas funções de decisão. É o caminho que eu espero construir aqui na cidade”, diz.

Um dos objetivos da prefeita de Franco da Rocha é construir, até o final do mandato, um secretariado com paridade de gênero.

Para Priscila, os resultados ainda tímidos da eleição de mulheres em 2024 representam uma cultura “predominantemente masculina”.

‘Há resistência às mudanças e o financiamento de campanhas eleitorais para mulheres, que ainda é menor, assim como a visibilidade nos meios de comunicação’

Priscila Gambale, prefeita reeleita em Ferraz

Lorena ressalta a resistência dos políticos homens para a eleição de mulheres. “Para que a gente possa acessar [a política], um homem tem que ceder e isso não acontece. Então a gente tem que lutar muito, trabalhar muito, se dedicar muito, trabalhar muitas vezes mais do que os homens para conseguir ocupar os espaços”.

A reportagem da Agência Mural tentou contato com a prefeita eleita em Mogi das Cruzes, Mara Bertaiolli (PL), mas não obteve retorno.

Agência Mural

O post Quais são as propostas das 3 prefeitas eleitas da Grande São Paulo para mulheres periféricas apareceu primeiro em Agência Mural.

Tags:
Democratize-se!

Agência Mural - Quais são as propostas das 3 prefeitas eleitas da Grande São Paulo para mulheres periféricas