Antes de se mudar para o Sítio Histórico de Olinda, o chef de cozinha Thiago das Chagas achava que não iria ter problemas em morar lá. Afinal, tinha os pré-requisitos que achava necessários: gostava de carnaval e de música. Ele só não contava com o barulho constante, sem intervalos, da batucada de samba colada com a casa dele durante todo e qualquer domingo. Antes mesmo da Pitombeira decretar o início das prévias no dia 7 de setembro, as batucadas começam a ensaiar em quintais e praças de Olinda. Quando não queriam curtir a folia, ele e a companheira tinham que deixar a Cidade Alta. A gente não conseguia nem conversar dentro de casa. Não conseguia assistir televisão, nada, lembra.

Não foram poucas as vezes em que batia a hora estabelecida para o fim da festa e a música alta seguia. Eu era o primeiro a ligar para todos os órgãos competentes, às 20h. Tem um órgão da prefeitura que cuida dessa parte de barulho, o controle urbano. Mas só quem aparecia era a polícia, reclama. Quando a filha do casal nasceu, decidiram que não dava mais: as paredes da casa onde moravam vibravam com o som incessante da batucada. A família se mudou.

Nos últimos dez anos, o Sítio Histórico de Olinda sofre os efeitos das omissões e ações que mudaram o convívio dos moradores com a festa. Sendo um lugar com intensa atividade cultural e patrimônio histórico tombado, reconhecido internacionalmente pela Unesco, Olinda tem que se equilibrar nessa linha fina entre festa e preservação. Mas especialistas e moradores ouvidos pela Marco Zero acreditam que esse equilíbrio há muito foi para as cucuias. E os moradores, pilares da manutenção do Sítio Histórico, estão insatisfeitos.

A gente sabe que Olinda precisa ter a folia, precisa ter o comércio, mas quem segura o Sítio Histórico são os moradores. Por exemplo, no processo de revitalização para o centro do Recife estão correndo atrás de quê? de moradia. Estão doidinhos atrás de gente pra morar no Centro, que está abandonado. Olinda ainda tem gente interessada em morar lá. Quem segura qualquer sítio histórico são os moradores. O que deixa ele vivo são os moradores. Óbvio que tem que existir o turismo, o comércio, essa organicidade toda tem que existir. Só que o pessoal confunde isso com bagunça, critica Thiago, que segue morando no Sítio Histórico, mas agora na parte baixa, longe do barulho.

Olinda é uma cidade à venda, diz a arquiteta e urbanista Vera Milet, professora aposentada da Universidade Federal de Pernambuco (UFPE) e integrante do Conselho de Preservação de Olinda e da Sociedade Olindense de Defesa da Cidade Alta (Sodeca). A afirmação tem dois sentidos: um deles é que o Sítio Histórico está aberto a toda sorte de especulação. A outra, é mais literal. Quando uma localidade perde moradia, isso significa que ela vai se deteriorar. Porque quem assegura que os imóveis fiquem preservados é o morador. É ele que vai cuidar da casa, diz Milet, que mora no Sitío Histórico há mais de cinco décadas.

Equipe responsável pela manutenção do Sítio Histórico foi desarticulada pelo ex-prefeito Lupércio

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Entre os censos de 2000 e de 2010, a área do Polígono de Tombamento que corresponde ao Sítio Histórico de Olinda e tem cerca de 1,5 quilômetro quadrado – perdeu mais de 3 mil residentes, indo de 17.363 habitantes para cerca de 14 mil. Não há, ainda, dados do Censo mais recente, de 2022. A população do Sítio Histórico responde por, mais ou menos, 4% da população total do município de Olinda. Por onde você passar, qualquer rua, tem uma casa para vender no Sítio Histórico. As pessoas estão indo embora porque não aguentam mais tanto barulho dos bares, das festas. Não aguentam mais conviver com xixi entrando pelos portões, porque a Prefeitura de Olinda não coloca banheiros públicos, e, quando coloca, não limpa com frequência, reclama.

Olinda, que já foi pioneira na gestão de seu patrimônio, estabelecendo em 1973 a Fundação Centro de Preservação dos Sítios Históricos de Olinda a primeira estrutura municipal desse tipo na América Latina viu sua base técnica ser sistematicamente desmantelada em gestões recentes, culminando na situação crítica atual. Embora a estrutura de Fundação tenha sido convertida em Secretaria de Patrimônio em 1995, trocando autonomia técnica por maior influência política, o golpe mais severo veio com a administração de Lupércio (PSD), de 2017 a 2023, que desarticulou o corpo técnico de preservação da prefeitura, e segue na gestão da prefeita Mirella Almeida, também do PSD.

“O pior momento para o patrimônio histórico”

Este período é classificado pela arquiteta e urbanista Vera Milet como o pior para a preservação de Olinda, pois houve o corte de pessoal com décadas de experiência e perda de receita. Milet relata que todo esse processo visou desarticular a governança da preservação. Como consequência direta, cerca de R$ 46 milhões em recursos destinados a projetos de restauro, captados pela gestão anterior de Renildo Calheiros (PCdoB) junto ao Governo Federal, foram perdidos porque os projetos não foram executados, conta.

O desmonte da prefeitura transformou o controle urbano em uma função ineficaz. Olinda tem um controle urbano específico para o Sítio Histórico, como é exigido pelo tombamento, mas com apenas três funcionários. Outros órgãos simplesmente deixaram de existir. O Laboratório de Bens Móveis, essencial para o restauro de objetos sacros das igrejas e documentos históricos como o livro de tombos da cidade, foi desativado completamente pela prefeitura após a aposentadoria dos técnicos, sem que o Conselho de Preservação conseguisse reverter a decisão.

A própria sede do Conselho, na rua do Amparo, está sem uso por conta de uma infiltração que deteriorou o teto do imóvel. O acesso ao Fundo de Preservação que é para onde deveriam ir o pagamento de multas e taxas de preservação está bloqueado há anos pela prefeitura. Além disso, desde a primeira gestão de Lupércio que as decisões do Conselho não são acatadas, com exceção das autorizações para reformas.

Há apenas duas únicas arquitetas responsáveis pela fiscalização do patrimônio de Olinda focadas em reformas e construções fora dos padrões do tombamento. As profissionais até notificam as irregularidades, mas a estrutura judicial e administrativa não dá prosseguimento às ações, minando o trabalho técnico, diz Milet.

No entanto, há sinais de mudanças recentes, ainda pequenas, mas que dão alguma esperança de progresso. Em 2023, o Governo Federal anunciou uma série de investimentos no patrimônio de Olinda pelo Novo PAC, como a restauração da Igreja de São Pedro e restauração do Cine Teatro Duarte Coelho, que ainda aguarda liberação da verba. Em setembro, Iphan e Fundarpe anunciaram a liberação de R$ 1,2 milhão para o início da reforma da Igreja de São Pedro Mártir de Verona, no Carmo.

A movimentação da Fundarpe junto ao Iphan e ao Governo Federal trouxe uma certa pressão política para Mirella, que é do mesmo partido da governadora Raquel Lyra (PSD). Em agosto deste ano, houve mudança na secretaria de Patrimônio e Cultura, com a jornalista Marília Banholzer assumindo a pasta. Houve também a nomeação de uma técnica especializada, Márcia Chamixaes, para a secretaria executiva do Patrimônio. As novas secretárias têm escutado as nossas reivindicações. Elas foram para uma reunião recente do conselho, coisa que há uns dez anos que ninguém da prefeitura fazia, reconhece Milet.

Outra esperança é o convênio entre o Iphan e a UFPE para elaborar subsídios técnicos visando a criação de uma nova lei para o Sítio Histórico de Olinda, já que a legislação federal é de 1982 e está defasada. Em outras duas reportagens, a Marco Zero vai abordar esse estudo.

Solicitamos uma entrevista com a secretária de Patrimônio e Cultura, Marília Banholzer, para falar sobre a situação do Sítio Histórico de Olinda. Ela preferiu responder as perguntas por e-mail. Sobre a falta de funcionários, a secretária informou que a estratégia da prefeitura nessa área é é objetiva e legal: reposição por meio da convocação dos profissionais aprovados em concurso público. Assim que houver vacância efetiva ou necessidade formalizada, a administração acionará a lista de aprovados, priorizando técnicos com experiência em patrimônio, museologia, conservação preventiva e arquivos. Paralelamente, estamos fortalecendo parcerias técnicas (universidades, IPHAN) e implementando rotina de manutenção preventiva para reduzir passivos de conservação.


Paredão de som com aval oficial

Na semana passada, para comemorar o Dia do Samba, Olinda recebeu a escola de samba Viradouro, do Rio de Janeiro, e várias batucadas locais. A festa enveredou madrugada adentro, em plena quinta-feira. Já tarde da noite, um morador do Sítio Histórico se espantou ao ver um paredão de som no Largo do Amparo, em frente da igreja construída no século 17 e, como todo Sítio Histórico, tombada. O problema não é o repertório nem o estilo musical, e sim o uso de paredões de som para amplificar voz e instrumentos, prática inexistente no frevo, contou o morador, que preferiu ficar no anonimato.

Essa prática é uma agressão às tradições e ao patrimônio arquitetônico, reclamou o mesmo olindense. Poucos dias depois, no domingo, outro paredão de som estava na Prudente de Morais, também com uma batucada, em um evento patrocinado por uma grande empresa de delivery.

O próprio instagram da Prefeitura de Olinda mostrou o paredão de som no Dia do Samba. A secretária Marília Banholzer informou à MZ que foi permitido apenas um veículo com o equipamento de som necessário para a apresentação dos intérpretes de samba. A resposta também afirma que a bateria da Viradouro levou para as ruas o enredo “Malunguinho Viradouro”, do Carnaval 2025, que celebra o líder quilombola. A visita é uma contrapartida ao investimento feito pela Empetur na realização do enredo, e que visou promover o intercâmbio cultural, divulgando o turismo de Pernambuco no carnaval carioca. O evento contou com a participação voluntária das demais baterias de samba que ensaiam em Olinda, com seus instrumentos percussivos.


Casas desocupadas e briga de vizinhos

Com um ateliê na rua 27 de Janeiro, o artista Henry da Cruz Melo aponta as casas que estão desocupadas ao redor do seu local de trabalho. São pelo menos cinco: muitas delas ficam vazias o ano todo e só são ocupadas no carnaval ou alugadas para festas. Morando há alguns anos em Casa Caiada, Henry, que nasceu e se criou na Cidade Alta, diz que não tem “nem um pouquinho de vontade de passar uma noite” por lá. Fico acompanhando o grupo de WhatsApp dos moradores e não é raro ter alguém dizendo que não consegue voltar para casa, porque não tem como entrar de carro na rua. Quando você quer se divertir e vai pro carnaval, é uma coisa. Mas você morar aqui dentro, qualquer hora pode ser carnaval, diz.

Henry lembra quando ainda morava no Sítio Histórico e a cachorrinha que criava faleceu na sexta-feira antes do carnaval. Pedi um táxi, que não conseguiu entrar e parou na frente do Colégio São Bento. Peguei a cachorrinha e fui andando com ela no braço, enrolada em um pano, por uns 40 minutos, atravessando o carnaval. Foi muito estranho e triste. Você simplesmente não tem acesso à sua casa, contou. E agora é carnaval o ano todo, não para, diz Henry, que vê como positiva a solidariedade entre os moradores que esse isolamento gerou. Como padaria e supermercado ficam meio longe, um vizinho ajuda o outro com leite, pão, conta.

Cinco casas ao redor do ateliê de Henry Melo passam a maior parte do ano vazias

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Mas a falta de controle no Sítio Histórico de Olinda também mina as relações entre os próprios moradores. Háaproximadamente três anos, o quintal da casa 111 da rua 27 de Janeiro passou a receber todo domingo os ensaios de um bloco de samba. O quintal, que tem barracas para vendas de bebidas e palco, pertence à família do artista Zé Som, falecido em 2020.

A arquiteta Conceição Sarmento, viúva do artista, ainda mantém o ateliê e a casa, mas diz que quando quer tranquilidade, viaja para a praia de Serrambi, no litoral sul. Para ela, as batucadas de samba têm todo o direito de ocupar o Sítio Histórico, assim como as orquestras de frevo, os grupos de maracatu e de afoxé. Tem um movimento que quer tirar o samba dos quintais e colocar nas praças. Mas se isso acontecer as batucadas vão ficar sem nenhum respaldo de segurança, de banheiros. Porque a prefeitura não coloca banheiro químico em nenhum evento que acontece por aqui, aponta Conceição.

Para ela, as reclamações contra as festas de samba que acontecem no Sítio Histórico são preconceituosas. Às vezes a gente tá dormindo e passa um bloco na zoeira de meia-noite. Mas as batucadas não podem? Eu acho que é porque os frequentadores não são daqui, são da periferia, dos Bultrins, Rio Doce, e são pretos. Eu acho que é uma discriminação, uma falsa moralidade, denuncia.

Vizinha de muro, Anésia Eulálio sempre liga para o controle urbano de Olinda quando o barulho incomoda. E isso é em praticamente toda festa. Desde que se mudou para a rua 27 de Janeiro, há menos de três anos, não consegue descansar aos domingos. Não tem nada de preconceito. Aqui passam dezenas de maracatus, de sambas, de troças. Mas só passam. A orquestra da Pitombeira fica aqui na rua um tempo e depois vai embora, sai pelas outras ruas. A batucada no quintal não: é sem parar. Às vezes começa às 8h30 e vai até 20h, barulho alto o tempo todo. É desesperador estar dentro da sua própria casa em um dia de domingo e não poder descansar, não poder nem conversar. Não tem mais almoço de domingo, não tem mais aniversário, lamenta.

Anésia conta que já organizou um abaixo-assinado com vizinhos para solicitar que a prefeitura de Olinda impeça as festas aos domingos. Não deu em nada. A prefeitura já prometeu muita coisa, mas nunca fez nada. Eu ligo para o controle urbano, a pessoa às vezes até vem, mas fica parada aqui na frente. Diz que não pode fazer nada, que a festa é autorizada pela prefeitura, conta Anésia, que tem um restaurante na casa onde mora. Desisti de abrir aos domingos. Não tenho condições de cozinhar. Não conseguia nem atender as pessoas que chegavam, tamanho é o barulho, disse. A desavença entre vizinhas já foi parar na delegacia, com uma registrando boletim de ocorrência contra a outra.

Na entrevista por e-mail para a Marco Zero, a secretária Marília Banholzer falou que o Sítio Histórico é regido por legislação que disciplina usos e atividades (Lei n.º 4.849/92), com regras para preservar a paisagem, a vizinhança e a qualidade de vida. Ensaios de rua e atividades culturais são parte da vida da cidade, mas devem respeitar normas de ruído, horários e boa convivência e que a prefeitura atua mediante denúncias e fiscalizações. Quando há reclamação, a equipe de Controle Urbano verifica enquadramento (horários, intensidade do som, alvará) e aplica orientações ou medidas administrativas cabíveis. É importante destacar que a Lei municipal 4.849/92 não traz norma específica que libere ou proíba ensaios em quintais, por isso a atuação é feita caso a caso, com foco em diálogo e disciplinamento para evitar impacto aos vizinhos, escreveu.

Por causa do barulho, Anésia deixou de abrir restaurante aos domingos

Crédito: Arnaldo Sete/Marco Zero

Para o arquiteto e urbanista Bruno Firmino esse descontrole no Sítio Histórico de Olinda uma área em que, segundo dados da prefeitura de 2018, 87% das cerca de 1,5 mil edificações são de uso residencial acontece porque a Prefeitura de Olinda não tem ações de educação patrimonial, não tem planejamento nem faz as fiscalizações necessárias. Em um lugar como Olinda é necessário trabalhar com a educação patrimonial de maneira contínua. E quanto mais educação patrimonial a gente tiver, menor vai ser a necessidade de fiscalizar, porque as próprias pessoas vão ter consciência do uso adequado daquele espaço, diz. Se a gente for olhar para trás, para a gestão de Luciana Santos (PCdoB), por exemplo, algumas situações que pareciam ser impossíveis depois que a Lei do Carnaval foi colocada na rua (em 2001) voltaram devido ao afrouxamento de políticas de controle urbano e das políticas de patrimônio, diz.

Entre as situações que já estão naturalizadas o urbanista aponta carros de som em festas e no carnaval do Sítio Histórico. Nos últimos carnavais, foram registradas batucadas com caixas de som e orquestras ficaram sem conseguir se locomover, por conta da quantidade de carros estacionados nas ruas e também da quantidade de integrantes dos grupos de samba, que, claro, andam juntos.

Para Firmino, a questão mais urgente hoje em Olinda é o disciplinamento das prévias. A dinâmica das prévias mudou e agora acontecem com muito mais intensidade e também com mais quantidade de pessoas. E praticamente o ano todo. Mas não estamos vendo nenhum tipo de ação que coordene a gestão do espaço público nessa época. E isso acaba gerando uma série de conflitos: conflito entre comerciantes, entre quem faz carnaval, entre visitante e, principalmente, entre moradores. Porque tá todo mundo meio que jogado à própria sorte, afirma. Quando uma agremiação vai pra rua, ela preenche um formulário falando o dia e o horário que vai sair. Mas não há nenhum tipo de apoio no dia da prévia. Não há desvio de trânsito, controle urbano, nada. No final das contas, o único braço do Estado que aparece nesses períodos é a polícia, diz ele, que também é carnavalesco.

Para Firmino, a prefeitura de Olinda deveria se preparar para reforçar o suporte adequado ao Sítio Histórico na longa temporada de prévias. Já teve situação de gente que levou choque. A mureta do Largo do Amparo por mais de uma vez teve problema estrutural. Aí só no carnaval que colocavam tapume. É como se a prefeitura estivesse contando com a sorte, sabe?. O urbanista afirma que a prefeitura deveria ter um protocolo com regras para antes, durante e depois dos blocos passarem. A prévias poderiam servir também como laboratório de testes de algumas medidas para o carnaval. Um sítio histórico demanda uma zeladoria séria, ainda mais quando recebe uma quantidade muito grande de pessoas, afirma.

Neste sábado, haverá um seminário aberto ao público na Prefeitura de Olinda (rua de São Bento, 123 Varadouro) com o tema Cabe todo mundo no carnaval. A ideia é discutir sobre planejamento e gestão urbana do carnaval, além de fomento e incentivo à cultura popular. As mesas de debate acontecem das 8h às 12h.

Outras perguntas para a secretária de Patrimônio e Cultura de Olinda, Marília Banholzer

A Prefeitura pretende implementar o plano aprovado pelo Conselho de Preservação para impedir passagem de veículos pesados na Cidade Alta? Quando?

Sim. Recentemente, a prefeita Mirella Almeida assegurou um investimento, via emenda parlamentar, no valor de R$ 2 milhões para a implementação de balizadores hidráulicos em 12 pontos específicos da Cidade Alta. Hoje a execução depende da liberação do recurso e da conclusão do projeto executivo, que está sendo elaborado para ser licitado e executado: assim que o projeto for concluído e recursos assegurados, o cronograma de implantação será divulgado oficialmente. Além disso, a Secretaria Executiva de Patrimônio tem enviado ofícios de orientação a diversos órgãos, como a empresa de coleta de resíduos, reforçando a necessidade de cumprimento de regras específicas sobre a circulação de veículos de grande porte no Sítio Histórico de Olinda.

Há casas com fachadas descaracterizadas, especialmente nos Quatro Cantos (ex.: Black Bar). Quais processos a prefeitura usa para identificar, embargar e multar essas intervenções? Existe projeto para melhorar a fiscalização?

A prefeitura atua com instrumentos técnicos e administrativos previstos na legislação de preservação (leis municipais e resoluções do Conselho de Preservação):

    • Identificação: vistoria técnica da equipe de Patrimônio/Controle Urbano e registro fotográfico das intervenções.

    • Medidas imediatas: notificação formal ao proprietário/estabelecimento, aplicação de autos de infração e, quando necessário, embargo de obra/uso.

    • Segurança jurídica: encaminhamento de processos administrativos com apoio técnico do Conselho de Preservação para caracterização do dano ao bem tombado. Para melhorar a fiscalização contínua, a gestão está revisando fluxos internos, aumentando integração entre fiscalização (controle urbano), gabinete jurídico e Conselho de Preservação, e estudando a ampliação da capacidade técnica via convocações de aprovados em concurso e cooperação técnica com institutos (USP/UFPE/IPHAN) para laudos e pareceres. O objetivo é transformar as decisões técnicas do Conselho em medidas de campo mais céleres e efetivas.

    • Vale ressaltar que o próprio imóvel citado foi notificado pela gestão municipal.

Diante da importância do Conselho de Preservação, a gestão municipal assegurará que as definições técnicas do Conselho sejam respeitadas e transformadas em ações práticas?

A Administração reconhece o papel consultivo do Conselho de Preservação e está empenhada em traduzir suas deliberações em ações concretas.

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